Congresso Estadual AEARV debate conceitos de urbanidade perante público de 350 pessoas
O II Congresso Estadual AEARV ofereceu aos profissionais e acadêmicos das áreas de engenharia e arquitetura a oportunidade ímpar de assistir alguns dos mais expressivos nomes do segmento na atualidade debatendo sobre os conceitos de urbanidade e a concepção de cidades alinhadas às necessidades das sociedade. Cerca de 350 pessoas acompanharam a agenda de atividades nos dias 25 e 26 de agosto, no anfiteatro da Fundação Casa das Artes, na cidade de Bento Gonçalves (RS). “Estamos muito orgulhosos pelo sucesso do Congresso, o maior evento do tipo realizado na Serra gaúcha nos últimos anos. Da mesma forma, somos muito gratos tanto ao público participante como aos apoiadores que tanto contribuíram para viabilizar esse projeto. É um grande incentivo para darmos continuidade ao trabalho”, diz o presidente da entidade, Vinicius Peruffo.
A programação trouxe conferencistas internacionais, como o arquiteto Ricardo Montezuma, um dos responsáveis pela execução do plano de mobilidade urbana de Bogotá, na Colômbia; e Grégory Bousquet, do premiado escritório Triptyque Architecture. Também estiveram no palco do Congresso Cristiane Muniz, co-fundadora do escritório Una Arquitetos, Erminia Maricato, Renato Saboya, Tomáz Lotufo, Antônio Macedo Filho, Bernardo Tutikian, Cícero Zanoni e André Melati, e o escritório Maena Design Conecta. “Buscamos nomes realmente relevantes e gabaritados para tratar do tema proposto nessa segunda edição do encontro e conseguimos reunir um time de verdadeiros especialistas para compartilhar seu conhecimento. Foi uma experiência muito enriquecedora. A contribuição do Congresso na conscientização dos profissionais diante de sua responsabilidade para com o futuro da sociedade é inestimável e seu legado terá reflexos diretos nas próximas gerações”, avalia Dayane Gallina, diretora da AEARV e coordenadora do Congresso.
Outro destaque entre as atrações foi o espaço de convivência, disponibilizado na Rua Coberta – local onde os participantes puderam interagir ao som de boa música e gastronomia e, principalmente, conferir as novidades trazidas por algumas das mais expressivas marcas e fornecedores do segmento de arquitetura, decoração e construção civil. O II Congresso Estadual AEARV foi realizado pela Associação dos Engenheiros e Arquitetos da Região dos Vinhedos, em conjunto com o CREA-RS, e viabilizado pelas empresas Cristo Rei Materiais Elétricos, Universidade de Caxias do Sul, Altero, Artelana, ASCON, Byrne, Costaneira, Eko Ambientes, Espaço Decor, Gallina Visentini, Perlare, Pinusplac e Pró-Cor. São apoiadores CAU/RS, Fundação Casa das Artes, PROAMB, Salão Design e Unisinos.
Grégory Bousquet, da Triptyque Architecture, abre programação do Congresso
Integração entre esferas sociais, recursos e inovação como forma de soluções para uma cidade mais acolhedora, moderna e funcional. Essa foi a essência da palestra que marcou o início das atividades do II Congresso Estadual AEARV, ministrada pelo arquiteto Grégory Bousquet. “Estamos falando de novos territórios ao mesmo tempo de uma forma literal e também metafórica. Temos que repensar a cidade hoje para deixar ela mais sustentável em todos os sentidos da palavra”, explica.
Bernardo Tutikian reforça o papel da engenharia no desempenho das cidades
“Por que garantir o desempenho nas cidades?”. A pergunta parece simples, mas para Bernardo Tutikian, palestrante do II Congresso Estadual AEARV, o questionamento implica em ações amplas e intensas por parte dos profissionais. “As pessoas estão mais exigentes e preocupadas com os espaços urbanos. Precisamos contribuir com essa tendência, mas não vamos confundir desempenho com conforto”, pontua.
Antônio Macedo Filho e o incentivo a construções sustentáveis
Impossível falar de desenvolvimento, inclusive o urbano, sem falar do respeito ao meio ambiente. Essa relação entre evolução e sustentabilidade foi o assunto explorado pelo arquiteto e urbanista Antônio Macedo Filho, na palestra “Políticas Públicas de Incentivo à Construção Sustentável”. “A prioridade das cidades deve ser as pessoas. Isso vale para todos os lugares”, enfatizou.
Maena Design Conecta evidencia a empatia nos projetos arquitetônicos
A conexão próxima e interessada entre as pessoas e a arquitetura é o que norteia o trabalho de Michele Raimann e Aline Palma. Para as sócias do escritório Maena Design Conecta de Porto Alegre, que conta também com a parceria de Roberta Rammê, a empatia nos processos de projeto é fundamental. “É necessário ‘calçar os sapatos’ do morador e mantê-lo sempre no foco das decisões do projeto. Isso é o que efetivamente vai transformar a cidade em um conjunto de lugares com significado, conectados emocionalmente com as pessoas e com seu estilo de vida”, afirmaram.
Cristiane Muniz, da Una Arquitetos, destaca a condição urbana
Cristiane Muniz, sócia fundadora do escritório Uma Arquitetos, apresentou o tema “Condição Urbana”. A arquiteta ressaltou o papel do arquiteto e a importância de projetos qualificados. “Procuramos trabalhar sempre no intuito de aprender. A ideia é responder com propriedade para cada lugar projetado criando conexões. Precisamos nos abrir mais pra cidade, às vezes não existe a necessidade de uma grade para separar o que é casa do que é rua.
Tomaz Lotufo: a arquitetura de impacto humano positivo como desafio das próximas gerações
A sustentabilidade está na rotina de Tomaz Lotufo. Especialista em arquitetura de baixo impacto ambiental, o arquiteto paulista compartilhou mais do que sua experiência com habitações ecológicas. Durante sua palestra, Tomaz Lotufo envolveu o público ao falar sobre o papel atual da arquitetura e promover uma mudança de comportamento das pessoas em relação aos espaços urbanos. “As cidades são elementos que praticam metabolismo e, por isso, têm que ser olhadas como organismos vivos, em transformação. Os estudantes precisam botar a mão na massa. Não basta construir uma casa dentro da universidade – a casa precisa ser construída na comunidade para entender o processo, discutir com a comunidade as necessidades e as dificuldades do território urbano”.
Renato Saboya fala sobre como tornar as cidades estimulantes
Mostrar como a arquitetura pode tornar a cidade mais atraente foi o argumento central do arquiteto e urbanista Renato Saboya que falou sobre “Fatores Morfológicos da Vitalidade Urbana”. “Um dos grandes desafios é a superação de uma visão de arquitetura e de projeto centrada apenas no lote e que se esquece de dialogar com a cidade. A Arquitetura não tem a capacidade de mudar nossa sociedade nem a cidade de uma hora para outra, mas certamente tem a capacidade de tornar essas mudanças mais fáceis ou mais difíceis”.
Cícero Zanoni e André Melatti promovem debate sobre densidade periférica e urbanidade
O acúmulo de casas em áreas de invasão, sobretudo nas periferias, é uma situação alarmante em grandes cidades. Esse foi um dos assuntos em pauta durante um painel composto pelo coordenador da Agência Tecnológica Universidade Empresa da UCS, Cícero Zanoni, e o coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da mesma instituição, André Melatti. Com mediação da arquiteta Karina Guidolin e participação da arquiteta e palestrante Erminia Maricato, eles falaram sobre o tema “Densidade periférica urbana. Decisão de quem, consequências pra quem?”.
Ermínia Maricato faz alerta sobre reforma urbana no Brasil
O principal ponto do discurso da arquiteta Ermínia Maricato é marcado pela perspectiva clara de que as dificuldades urbanas do país podem ser contornadas a partir de uma atuação conjunta. Em uma palestra contundente e esclarecedora, a professora envolveu os participantes ao enumerar os problemas urbanos do Brasil. “Estamos construindo cidades para quem? Enfrentamos uma assombrosa desigualdade social e urbana do país. Sofremos de analfabetismo urbanístico, com leis cheias de apenas boas intenções. Neste sentido, nossa profissão é necessária para construir uma cidade para o povo”.
Cidade para as pessoas pela visão de Ricardo Montezuma
A palestra do colombiano Ricardo Montezuma encerrou as atividades do II Congresso Estadual AEARV. Especialista em questões de mobilidade e criador de uma ONG chamada Cidade Humana, o arquiteto só anda de bicicleta e transportes público. Para ele, as melhores cidades são aquelas que oferecem os melhores espaços para as pessoas desfrutarem. “Espaços públicos para desfrutar e não apenas para ver. Temos ainda uma prioridade invertida: primeiro os carros depois as pessoas. As ruas têm que ser para as pessoas e não só para carros. É preciso pensar na cidade das crianças e da terceira idade”.